Centro de excelência interno
Núclea cria área de ‘token’ com foco em escala no real digital
Antiga CIP (Câmara Interbancária de Pagamentos), a Núclea faz parte também do consórcio do Bradesco no piloto do real digital
A Núclea, fornecedora de infraestrutura bancária e de pagamentos, criou um centro de excelência interno para explorar oportunidades que surgem com a tokenização de ativos e tecnologia blockchain e DLT (registro distribuído). Considerada estratégica para a empresa, a nova divisão abrange tanto áreas de negócios quando de tecnologia e terá foco em trazer escala e interoperabilidade para o real digital, a versão tokenizada da moeda brasileira, em desenvolvimento pelo Banco Central (BC).
Antiga CIP (Câmara Interbancária de Pagamentos), a Núclea faz parte também do consórcio do Bradesco no piloto do real digital, que prepara a instalação de um nó (“node”) próprio para iniciar os testes. Também investiu na BEE4, startup de token de ações que participa do sandbox regulatório da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e ainda faz parte do grupo técnico da Febraban, que estuda segurança, privacidade e aspectos regulatórios do real digital.
A nova divisão iniciou os trabalhos em abril com time próprio, liderado por Cesar Kobayashi, ex-chefe de operações do C6 Bank e com passagem pelo setor de pagamentos do Itaú Unibanco.
Vemos um caminho muito grande de evolução de tokenização de tudo o que é ativo.
O mandato é identificar oportunidades que envolvam o ecossistema de tokenização, mas sempre focado nos benefícios para agregar valor seja no real digital, para a nação como um todo, seja para as instituições financeiras e de pagamento que veem na Núclea uma forma de diminuir custos operacionais.
Segundo Rodrigo Furiato, vice-presidente de negócios da Núclea, a nova frente vai buscar ocupar um espaço nesse ambiente de conexão entre diferentes instituições e prestadores de serviços financeiros, de forma massificada, garantindo alta escala de transações. Também pretende coordenar consultorias técnicas junto com empresas já inseridas no cenário mundial de tokenização, como a britânica Setl, que também faz parte do consórcio do Bradesco no piloto do real digital.
A Setl participa de testes de outras CBDCs (moedas digitais dos BCs) e tem capacidade de processar 1 milhão de transações por segundo, volume bastante acima dos demais provedores, disse Furiato. A empresa atua com transferências e pagamentos envolvendo diferentes moedas digitais e fiduciárias, fazendo a conexão entre finanças tradicionais e digitais.
Vemos um caminho muito grande de evolução de tokenização de tudo o que é ativo. A Núclea, com o histórico que sempre teve de conexão dos entes do mercado financeiro, vai ter um papel importante no desenvolvimento dessa tecnologia.
Fundada em 2001 como uma câmara de compensação entre os bancos, a antiga CIP surgiu como um associação sem fins lucrativos para ajudar na implantação do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), que agora será ampliado para incluir a tecnologia de programação da moeda que virá com o real digital. Participou das implementações dos sistemas de transferência por TED e DOC, além de boletos, cartões, DDA, entre outros serviços. Hoje, é uma das maiores registradoras de recebíveis no país, e fornece serviços de análise de dados, antifraude e gerenciamento de arrecadações, entre outros.
A Núclea conecta 1.600 bancos e instituições financeiras e de pagamentos. Nos últimos três anos, processou mais de 90,4 bilhões de transações, que giraram R$ 50,7 trilhões. A empresa faturou R$ 1,3 bilhão em 2022 e tem como meta dobrar de tamanho até 2027.