Dividendos
Núclea (ex-CIP) tem lucro de R$ 586 mi em 2023, e paga dividendos de R$ 1 bi a sócios
A Nuclea (ex-CIP), registradora que tem grandes bancos como sócios, teve lucro líquido de R$ 586 milhões no ano passado, um crescimento de 43% em base anual.
2023 foi o primeiro ano de operação da empresa como uma sociedade por ações, com fins lucrativos, e o crescimento dos resultados reflete as novas frentes de negócio abertas com a mudança, de acordo com a empresa. Com o resultado, a companhia pagou R$ 1 bilhão em dividendos extraordinários aos 48 bancos acionistas.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) teve alta de 52% no mesmo período, para R$ 657 milhões. O faturamento da companhia foi de R$ 1,6 bilhão no ano passado, alta de 18% na comparação com 2022.
Devemos ter um crescimento muito forte até 2027, e mais que dobrar nosso resultado.
Criada em 2001 durante a implementação do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), a CIP foi uma associação, sem fins lucrativos, entre bancos, até 2022. Naquele ano, foi desmutualizada e os bancos se tornaram sócios, nos moldes do que aconteceu com a antiga Bovespa em 2007. A operação foi desenhada para permitir uma reação ao aumento da competição, que inclui empresas como a Cerc, investida do Mubadala, e a CSD BR, que tem entre os sócios a Bolsa de Chicago (CBOE).
A Nuclea ainda colhe boa parte das receitas através do processamento de transações como as transferências via TED e a liquidação de boletos, serviços que foi criada para prestar. Entretanto, a participação de outros negócios tem crescido. Daré espera que em 2027, 40% da receita venha de serviços que não faziam parte do negócio em 2022.
“O processo de diversificação está no início. Parte dos novos negócios ainda não se converteu em produtos”, diz Daré. Uma das novas vertentes é o registro de operações de seguro, que terá de passar pelas registradoras. A Nuclea é uma das empresas habilitadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) a prestar o serviço, e deve iniciar as atividades ainda neste semestre.
Em 2023, passaram pelos sistemas da empresa 29 bilhões de operações, que movimentaram mais de R$ 18 trilhões. Daré afirma que embora o crescimento das receitas deva vir das novas frentes, que incluem ainda serviços associados à análise de dados, os produtos de “origem” da Nuclea têm resiliência.
Tokenização
Outra frente em que a registradora tem investido é a da chamada tokenização, que é a criação de representações digitais de ativos reais. O símbolo dessa movimentação é o investimento feito em 2022 na BEE4, uma bolsa voltada a pequenas e médias empresas, que são listadas via tokens.
Estamos com foco em desenvolver o mercado de ativos tokenizados, mas não estamos concorrendo diretamente com a Bolsa que existe hoje.
A CSD, uma das rivais da Nuclea, tem planos de criar uma bolsa que concorra com a B3, bem como a Americas Trading Group (ATG), controlada pelo Mubadala.
Aquisições
No ano passado, a Nuclea comprou a CRT4, criada em 2018 e que atua com o registro de ativos de captação bancária, como os certificados de depósito bancário (CDBs), recibos de depósito bancário (RDB) e as letras de câmbio. Segundo Daré, outras aquisições estão no forno.
“Estamos avaliando alguns negócios, e até o final deste semestre podemos fechar alguns investimentos”, diz ele, sem dar detalhes. Além de ir às compras, a empresa deve firmar acordos comerciais com outras companhias para fornecer novos serviços.
O colchão financeiro é robusto, seja para comprar ou para investir dentro de casa. Mesmo após os dividendos extraordinários, a Nuclea manteve mais de R$ 1 bilhão em caixa, de olho, justamente, em novas investidas.